Azulejaria de Estremoz - SÉCULOS XIX/XX
AZULEJARIA DE FACHADA
O azulejo de padrão, industrial ou semi-industrial, conquista, a partir de meados do século XIX, de forma vigorosa o espaço urbano português, apresentando-se como um material de construção com ótimas características físicas e muito agradável visualmente, para além de bastante económico. Não apresenta características decorativas únicas, são distintos no Norte e no Sul. Os dois maiores centros de produção foram o Porto e Lisboa.
A grande parte dos azulejos produzidos no norte, cidade do Porto, apresenta uma decoração relevada bastante pronunciada, a sul , com centro de produção em Lisboa, mantém-se uma decoração produzida por estampilhagem.
Este reaparecimento do azulejo está muito ligado ao regresso a Portugal de famílias emigradas no Brasil.
Não podendo comparar a cidade de Estremoz com Lisboa ou Porto aqui ficam alguns dos exemplares que nela se podem ver.
Rua 31 de Janeiro
Rua S. João de Deus
Rossio Marquês de Pombal (Azulejos estampilhados com friso de galão da Fábrica Viuva Lamego).
Azulejos estampilhados provavelmente da Fabrica Viuva Lamego com influência dos azulejosde caixilho do século XVI.
Rossio Marquês de Pombal
Azulejos relevados Arte Nova, provavelmente produzidos na Fábrica do Desterro.
(Fundada em 1889 na Rua Nova do Desterro em Lisboa porCampos, Neves & Branco)
Rossio Marquês de Pombal
Rua 1.º de Janeiro
Rua de S. Pedro
Rua de S. Pedro
Rua S. João de Deus
Largo da República
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Capela da Rainha Santa Isabel
Capela da Rainha Santa Isabel
A entrada da Capela encontra-se do lado oposto ao da Pousada. As obras iniciadas pela Rainha D. Luísa de Gusmão foram terminadas por D. João V (1715) que dotou esta capela de um altar-mor em mármore branco e azul, assim como de uma vasta decoração azulejar (capela, escadaria e antecâmara) setecentista. No interior da capela podemos apreciar um silhar que nos relata três dos milagres protagonizados pela Rainha Santa (Milagre das águas do Tejo que se apartam, Milagre da criança salva das águas e Lenda da mulinha).
Escadaria - Azulejaria de tapete
Arco de acesso da antecâmara às escadarias
Pormenores
Painéis da antecâmara (Fontes)
Fontes que pelas suas águas sempre novas simbolizam o perpétuo rejuvenescimento. A água do ponto de vista simbólico encontra-se fortemente ligada ao Cristianisno, quer pelo acto do batismo, quer nos vários milagres de Cristo (caminhar sobre as águas ou as Bodas de Canaã).
Parede lateral direita (lado da Epístola)
Painéis de azulejos figurativos.
Série de três painéis monocromáticos da primeira metade do século XVIII. Emoldurados. Nos laterais atlantes, suportando elementos vegetalistas, sustentados por puttis, na base cartela central ladeada por puttis e volutas, em cima cartela central ladeada por elementos vegetalistas.
Milagre da Mulinha (Reencontro de Alvalade)
Milagre do Afastamento das águas do Tejo
Milagre da criança salva das águas.
Uma má recuperação, ou a possível, do painel.
Sobre a autoria destes painéis existem algumas dúvidas, segundo Victor Sousa Lopes estes seriam da autoria de Policarpo Oliveira Bernardes, no entanto Maria de Lourdes Cidraes no seu trabalho “Os Painéis da Rainha” refere como seu possível autor Teotónio dos Santos, outros, que serão da autoria de Teotónio dos Santos e André Gonçalves; ao certo talvez seja possível dizer que ambos trabalharam na oficina de António de Oliveira Bernardes. José Meco também atribui o traço a Teotónio dos Santos e aponta a sua realização por volta de 1730.
Faleceu em Estremoz a 4 de Julho de 1336.
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Edifício do Café Águias D'Ouro
Edifício do Café Águias D’Ouro
O edifício onde se encontra instalado o Café Águias D’ Ouro foi construído entre os anos de 1908 e 1909, tendo sido inaugurado como café a 4 de Abril de 1909. Sendo seu proprietário Francisco Rosado, este estabelecimento estava dividido em duas partes uma como buffet e outra como sala de bilhar.
Mais tarde, entre os anos de 1937 e 1939 foram realizadas obras de “beneficiação” tendo sido encarregado da sua realização o arquiteto Jorge Santos Costa, obras essas que transformaram a parte térrea da fachada, alterando uma das portas exteriores numa montra-janela, ao gosto modernista. Em 1964, transformou-se o primeiro piso em restaurante, sendo essas obras da responsabilidade de José Manuel Pinheiro Rocha. Em 1997 é classificado como imóvel de interesse público.
A sua arquitetura, eclética, torna-o num dos melhores exemplares do património edificado do concelho de Estremoz. A chamada Arte Nova, da qual já falei noutro post, é por demais notória no seu exterior a nível dos dois pisos superiores, como se pode comprovar pela platibanda decorada com flores-de-lis, pelas faixas azulejares, a que separa o piso terreo do primeiro piso, de aplicação posterior, tipo arte nova, pelo revestimento da fachada a azulejo e a diferença entre os vãos nela abertos. É também de realçar a utilização de vários materiais, tais como, cantaria, vitral, ferro forjado, este bastante diferente do inicialmente empregue (varanda do terceiro piso, à direita).
De notar que nos últimos tempos tem sofrido, embora considerado património de Interesse Público, alterações no seu património decorativo.
Este painel azulejar desapareceu.
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O Neoclássico em Estremoz
O Neoclássico
No final do século XVIII e com origem, em grande parte, na Real Fábrica de Louça do Rato, de Lisboa, a azulejaria assimila o neoclassicismo, estilo internacional divulgado através das gravuras de Robert e James Adam. O movimento apareceu como uma reação contra os excessos decorativos do Barroco e do Rococó. A sua influência mantem-se até meados do séc. XIX.
Os painéis cerâmicos são agora silhares baixos preenchidos com ornatos leves, de requintada policromia e sem expressão de volume, marcando-se os centros com medalhões monocromáticos.
Convento de S. Francisco (Hoje Regimento de Cavalaria 3)
Escadaria
Barras com fundo a amarelo com contorno em castanho (óxido de manganês), decoradas com plumas e laçarias a castanho, volutas de folhagem a verde (óxido de cobre);
Fundo a branco (óxido de estanho);
Cartelas centrais em castanho (óxido de manganês) mostrando cenas da vida diária (caçador acompanhado por criança, pastoreio, festa, musica, passeios pelo campo e numa de elas duas imagens que parecem estar a "lutar/dançar"?);
Figuras femininas em azul (óxido de cobalto);
Decorações a amarelo, azuis e verde.
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Fonte de Santo António - Estremoz
Fonte de Santo António
Azulejaria do Século XVIII
Santo António a pregar aos peixes.
Pormenores:
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Estremoz - Azulejaria de fachada século XX
Azulejaria de fachada século XX
Orago dos agricultores
Registo de S. Isidro, inscrito na fachada de uma antiga moagem, sita na Rua do Reguengo (Serpa Pinto).
Trata-se de um registo com alguma dimensão, monocromático de moldura recortada, ao gosto setecentista, representando Santo Isidro, foi executado em 1955 na fábrica Sata Ana.
Friso
Rossio Marquês de Pombal
Capelas dos Passos
Azulejos fabricados na cidade de Aveiro, na Fábrica Aleluia, desconheço o nome do seu autor.
Rossio Marquês de Pombal
Largo do Espirito Santo
Rua da Porta da Lage
Escola Secundária Rainha Santa Isabel (Antiga Escola Comercial e Industrial de Estremoz) átrio de entrada.
Da autoria de Estrela da Liberdade Alves Faria (1962)
A pintora sempre assinou apenas Estrela Faria ou, então apenas "estrela" desenhando uma pequena imagem de estrela nas suas obras plásticas.
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Azulejaria de Estremoz - Século XX
Arte Déco
O período em que se manifestou o estilo “Arte Déco” está diretamente relacionado com as novas formas de comunicação, novos materiais, as modernas tecnologias, a iluminação elétrica, o recetor de rádio, o telefone, o transatlântico, o avião, os reclamos luminosos, que contribuíram para o estabelecimento de uma cultura do ser-se mais moderno, equivalendo à negação dos modelos tradicionais, inclusive da linguagem Arte Nova.
Assim aceitam-se de bom grado a sobriedade, a austeridade, a pureza a simplificação das formas, tidas como símbolos de elegância e de distinção.
Nasce assim um novo conceito, o “Design”.
Em Portugal a Arte Déco inicia-se por volta de 1920 e mantém-se até 1940. A geometrização das formas e a anulação dos efeitos volumétricos manifestam-se através de um design severo mas de grande qualidade.
Este tipo de decoração está pouco representada na nossa cidade, no entanto podemos ver um pouco desse estilo num prédio existente na Avenida 25 de Abril, junto ao Teatro Bernardim Ribeiro, imóvel que terá sido mandado construir pelo empresário que a data explorava o Teatro Bernardim Ribeiro, Simões de Sousa.
Friso
Rua 9 de Abril (Avenida 25 de Abril)
Rua 9 de Abril
Estação dos Caminhos de Ferro
Conta nas suas paredes com dez painéis de azulejaria regionalista emoldurados por cercaduras policromas em estilo neorococó típico da azulejaria regionalista portuguesa entre os anos de 1920 e 1940; foram pintados precisamente neste último ano sendo da autoria do pintor Alves de Sá que por esta altura trabalhava na fábrica Viúva Lamego.
Revelam-se hoje como uma importante coleção de azulejaria da cidade, retratando a beleza e o simbolismo de alguns espaços desta urbe assim como das atividades ai desenvolvidas.
Neste momento encontram-se num processo de franca degradação necessitando de uma rápida intervenção.
Este painel apresenta um erro, o que se encontra ao fundo, Igreja de Santa Maria e torre da galeria D. Dinis, estão invertidos, a igreja deveria estar à esquerda e a torre à direita, erro algo frequente devido à passagem do desenho para os azulejos, através de papel vegetal, por decalque ou pela tecnica do papel vegetal picotado e boneca de carvão.
Porta de Santarém
Foto de - Artur Pastor
Série Cidades. Estremoz, décadas de 40/50.
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Azulejaria de Estremoz - Século XX
Rua 9 de Abril
Autor - Carlos Afonso Soares que trabalhava para a Fábrica de Cerâmica de Sacavém.
A Arte Nova surgiu como corrente artística na Europa nos finais do século XIX. O termo, Art Nouveau, teve a sua origem no nome atribuído pelo negociante de arte Siegfried Samuel Bing á galeria de arte que abriu em Paris, em 1895, "La Maison de L' Arte Nouveou.
A Arte Nova em Portugal não possui uma certidão de nascimento, no entanto é consensual que o seu aparecimento se deu no inicio do século XX. Foi um estilo que se implantou rapidamente mas com uma duração um tanto ou quanto curta, durou, se tanto, um quarto de século. Pretendia ser um estilo totalmente inovador, que se caracterizava pela utilização da linha curva, aproveitando ao máximo a noção de movimento que esta transmite. A natureza era a fonte de inspiração dos “Artistas” que a ela se dedicavam.
Na nossa cidade existem vários imóveis cujas fachadas se encontram decoradas com frontões e frisos bastante representativos do estilo Arte Nova, alguns deles terão sido feitos por encomenda, pois estão perfeitamente integrados nas fachadas, poderemos chamar-lhes "fachadas especiais", são quase sempre atribuíveis a um determinado autor e desenhados para um espaço específico, sendo alguns florais (Avenida 9 de Abril) e outros figurativos (Avenida 25 de Abril).
Avenida 25 de Abril
Grupo azulejar Arte Nova, motivos naturalistas, inserido na fachada do palacete mandado construir por João Lopes Nunes Vieira da Silva, desconheço o autor e a fábrica onde foram produzidos.
Fachada Arte Nova
Rossio Marquês de Pombal
Frisos Arte Nova em Estremoz
Rua 9 de Abril
Rua 9 de Abril
Rossio Marquês de Pombal
Friso vegetalista Arte Nova com jarros e folhas.
Rossio Marquês de Pombal
Friso Arte Nova provavelmente produzido na Fábrica das Devezas, Vila Nova de Gaia.
Rua de São Pedro
Av. 25 de Abril
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Azulejaria de Estremoz
Alminhas
Surgiram após o Concílio de Trento e são, maioritariamente constituídas por um único azulejo ou conjuntos de quatro representando grupos de fiéis rodeados pelas chamas do Purgatório.
Rossio Marquês de Pombal
Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque
Capela das Almas
Mandada construir na Rua das Almas, em terrenos pertencentes à Santa Casa da Misericórdia, por “Jozeph Mendes da Silveira Briozo” para invocação de Cristo, e junto a ela uma casa para recolha dos ossos retirados do cemitério da S. Casa.
Eram, ainda, aqui recolhidas muitas esmolas que depois serviam para mandar dizer missas para purificação das almas.
Ainda há poucos anos era um local bastante utilizado pelos habitantes da cidade para as suas preces, principalmente aquando das suas visitas aos entes queridos já falecidos.
No seu altar encontra-se um pequeno painel, dos finais do século XVIII, que representa as Alminhas do Purgatório, com a inscrição P. N. AVE Mª (Padre Nosso Avêm Maria). Necessita ser reorganizado.
Elementos soltos
Fachada da Igreja de Nossa Senhora dos Mártires
Azulejaria do século XVII aplicada no espelho de uma escadaria na rua de S. Catarina. Friso de cadeia com flor. Terão feito parte de uma grande composição de tapete.
Placa toponímica
Rua Capitão Mouzinho de Albuquerque
(Oferecida pelo Automóvel Clube de Portugal)
Registo
Quinta de São Miguel
Estação de caminhos de ferro de Estremoz
Azulejaria de tapete Século XVII
(Residência particular)
Traseiras da Câmara Municipal - Século XVIII
Elementos Soltos - Século XVIII
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Azulejaria de Estremoz " Época Pombalina"
Época Pombalina
A época pombalina ficou ainda marcada por uma azulejaria utilitária, que surgiu após o terramoto de 1755.
Este tipo de azulejo, de grande produção e de baixo custo e com ótimas características físicas e estéticas, foi utilizado intensivamente na decoração de escadas e vestíbulos, durante a reconstrução da cidade de Lisboa, espalhando-se depois por todo o país.
Silhares Pombalinos (tardios).
Encontram-se na Residencial Carvalho, o primeiro, não sei se completo ou se é apenas o que resta do silhar original.